O caso.
Dia 03 de março de 2007, Gabrielli Cristina, de 1 ano e meio, foi encontrada desacordada dentro da pia batismal da Igreja Adventista do Sétimo Dia, situada no bairro Iririú, cidade de Joinville, por participantes que estavam no culto de reinauguração da igreja. A menina, chegou a ser socorrida, mas morreu na emergência do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.
Gabrielli foi deixada em uma sala para brincar com outras crianças, sob o cuidado de monitoras da igreja. No final do culto, o casal que havia levado a menina, um rapaz (17 anos) e a namorada Márcia Machado (21 anos), que moram com a família da criança, não encontraram Gabrielli na sala e uma das monitoras que cuidava de Gabrielli informou a Márcia que tinha entregado a menina para uma pessoa que teria se identificado como o pai da criança.
Os fiéis, então, procuraram a menina que foi encontrada desacordada e de bruços dentro da pia batismal.
Gabrielli foi socorrida por duas mulheres que acompanhavam o culto e durante o trajeto entre a Igreja Adventista e o hospital, elas tentaram manter a menina viva prestando os primeiros socorros (massagem toráxica e respiração boca-a-boca).
No hospital Regional a menina foi atendida, primeiramente, pela pediatra Lusinete Soares que observou que o atendimento começou exatamente às 10h05min, segundo a médica, a criança foi entregue a ela por duas mulheres que diziam que trabalhavam na área da saúde. "Já atendi muito afogamento, e parecia ser mais um. A menina chegou com os cabelos e as roupas molhadas, com um vestidinho jeans, camiseta e fralda. Ela não tinha calcinha, mas a fralda estava bem colocada. Ela estava hipotérmica (fria), sem batimentos e sem respiração”, explicou a médica.
A Dra.Lusinete relatou, ainda, suas providências para tentar reanimar a menina: “Foi preciso tirar a roupa para aquecê-la e depois entubar. Foi quando notei um forte cheiro de fezes. Tirei a fralda e as fezes saíam sem parar. A fralda não estava molhada como a roupa, estava seca, limpei a menina, joguei a fralda no lixo e coloquei outra. Tentamos reanimá-la por 45 minutos”, disse.
A suspeita de um crime.
Diante da grande quantidade de crimes sexuais cometidos contra crianças, na ocorrência da menor suspeita os profissionais informam as autoridades para que sejam tomadas as providências necessárias. No caso de Gabrielli não havia nas roupas ou na menina qualquer indício de esperma ou algo parecido, mas a médica desconfiou que algo poderia não estar certo porque no pescoço da menina, lado direito, havia pontos pontos vermelhos na pele, semelhantes as deixadas por picadas de pulgas ou pernilongos, e que se manifestam em virtude de trauma local ou até mesmo doença e como o ânus continuava dilatado e haveria uma pequena lesão interna, a médica resolveu avisar a polícia. “Depois que demos ela por morta, ela ficou no necrotério até vir o IML”, concluiu a médica pediatra.
Ainda no dia da morte de Gabrielli, foi informado à polícia que a menina havia sido entregue para um homem que teria se identificado como o pai de Gabrielli, está informação foi posteriormente negada em depoimento por uma das monitoras que cuidava da menina, mas no dia dos fatos o homem que se passou por pai de Gabrielli foi descrito por uma criança de 7 anos como um senhor moreno-claro, cabelos encaracolados, com idade aparente de 30 anos, vestindo camisa verde e calça jeans. Diante desta informação, iniciou-se uma investigação para apurar a morte ocorrida dentro do Templo.
Trabalhando com a hipótese de homicídio, ainda no sábado um homem chegou a ser preso e depois de prestar depoimento foi liberado pelo delegado de plantão, Rubens Passos de Freitas, por falta de provas contra ele.
No dia seguinte ao ocorrido, o laudo do IML assinado pelo médico João Koerich, que não é legista dos quadros do IML, apontava para a tese de abuso sexual. O atestado de óbito apontou que a morte foi causada por afogamento e traumatismo encefálico, com lesões nas partes íntimas e hematomas no pescoço.
A Procura de um criminoso.
Diante do atestado de óbito que indicava a ocorrência de uma brutalidade sem tamanho o caso tomou proporções nacionais. Todos aqueles que tomaram conhecimento do ocorrido se revoltaram e queriam a prisão do criminoso o mais rápido possível, alguém com coragem de cometer um ato daquele dentro de um templo religioso não poderia ficar solto e o caso foi notícia em vários jornais do país.
O pastor distrital Izaque dos Santos esclareceu que era impossível para o pastor e para os fiéis terem percebido o momento no qual o assassino deixou a criança no tanque batismal. Na mesma notícia havia a descrição do local onde a menina foi encontrada "com 1,60 m de altura e construído ao lado do púlpito (altar principal), o tanque tinha cerca de 20 centímetros de água, colocada para fazer teste de vazamento. Da sala de estudos onde Gabrielli foi deixada pelos primos até o púlpito, a distância é de 20 metros. Para ter acesso ao tanque é necessário subir cinco degraus e depois descer mais três. A sala de estudos onde a menina foi deixada não tem portas nem janelas".
Durante as investigações mais dois suspeitos foram ouvidos: um homem de 23 anos que foi preso em Alegrete, Rio Grande do Sul, após informações dadas por um pastor de uma Igreja Adventista que relatou que aquele possuia antecedentes criminais por roubo em Joinville e que a família residia no município catarinense. O homem foi ouvido pelo delegado Ailton Amilcar Machado, na delegaciado município de Alegrete, e liberado por falta de provas; a outra pessoa a ser ouvida foi o companheiro de Márcia Machado, prima da mãe de Gabrielli, e este se tornou o principal suspeito da morte da menina. O rapaz de 17 anos se propôs a fazer teste de DNA para comprovar sua inocência.
O material retirado do rapaz foi enviado ao Instituto Geral de Perícias de Florianópolis para comparações.
A polícia ouviu mais de cem pessoas. O delegado Rodrigo Bueno Gusso, que coordenou as investigações sobre a morte de Gabrielli, chegou a dizer que o crime poderia ter sido premeditado e o delegado-chefe da Polícia Civil de Santa Catarina, Maurício Eskudlark, concluiu que a vítima conhecia o assassino, pois não sairia da sala acompanhada por um estranho.
A polícia anuncia o fim do mistério.
Depois de dez dias de investigação a polícia prende um homem de 22 anos em sua casa no Bairro Cristo Rei, Canoinhas (SC). Este homem é Oscar Gonçalves do Rosário, natural de Canoinhas, Oscar estava em Joinville desde dezembro de 2006, ele é pedreiro e contou que trabalhava em uma obra, mas não na construção da igreja.
Ele prestou depoimento na delegacia de Canoinhas e foi levado logo em seguida para Joinville sob forte aparato policial. Dois delegados e vários policiais da delegacia de Joinville e da Delegacia de Homicídios acompanharam o depoimento de Oscar em Canoinhas.
Conforme foi divulgado pela polícia, Oscar teria descrito a cena do crime com riqueza de detalhes o que comprovaria ser mesmo ele o autor do crime.
A reconstituição.
Além de um forte aparato policial, um promotor e um juiz da cidade acompanharam o trabalho de reconstituição realizado pela polícia de Joinville. O delegado Rodrigo Bueno Gusso divulgou a imprensa como teria sido cometido o crime.
Segundo a reconstituição o acusado estava bêbado quando cometeu o crime, ele passava na frente da igreja quando viu a menina brincando no pátio. Segundo consta, ele adentrou a igreja pela porta que dá acesso ao corredor do banheiro.
Já dentro do prédio tentou violentar a criança, como não conseguiu, estrangulou a pequena Gabrielle para evitar que ela chorasse e, enquanto a criança permaneceu caída no chão, se masturbou, atirando posteriormente o corpo da menina dentro do pia batismal e saindo da igreja sem maiores problemas.
Dúvidas que permaneceram...
O jornal "A Notícia" publicou respostas para dez dúvidas que permaneceram, são elas:
1)Como a menina saiu da sala onde estava sob os cuidados de duas monitoras e mais três mulheres?
Para o delegado Rodrigo Gusso, é um detalhe a ser esclarecido. Já a prima da mãe de Gabrielli, Márcia Machado, que levou a criança para a sala, disse que uma monitora falou que tinha entregado a menina para um homem que se apresentou como pai. Já o marido de uma das monitoras disse que por volta das 10 horas, sua mulher levou uma das crianças ao banheiro. No retorno, deparou-se com Márcia nervosa pelo desaparecimento. Ninguém sabe como Gabrielli saiu de lá.
2) Por que na versão inicial a informação era de que a menina foi entregue a um homem que seria o pai?
Para o delegado Rodrigo Gusso, essa versão não existe. “Não temos testemunhas de que essa menina foi entregue a um homem que se identificou como pai." A monitora teria contado em depoimento que quando a Márcia procurou a menina, questionou se ela não estava com o pai, fazendo referência ao namorado da jovem.
3) A família ainda acredita na negligência da Igreja, pretende processá-la?
O advogado da família, Sandro Tonial, disse que está aguardando o resultado do inquérito e o encaminhamento ao ministério público. Por enquanto, um processo não é cogitado. “Foi falado no início, porque a informação que se tinha era de que as monitoras estavam mudando os depoimentos. Mas não há interesse em processar.”
4) Quanto tempo levou entre Gabrielli sumir e ser encontrada no tanque?
Segundo o delegado Gusso, da hora em que o adolescente viu Gabrielli pela última vez até o momento em que ela foi encontrada foram 40 minutos. A mesma versão é confirmada pela prima Márcia. Entre as 9h30 e 10h10.
5) Gabrielli foi encontrada com as fraldas colocadas de forma perfeita, segundo a mãe. O suspeito voltou a colocar as fraldas após a violência sexual?
O delegado Dirceu Silveira Júnior diz que ele teve capacidade para deixar a fralda e a calcinha como estavam.
6) Qual foi a pista principal que levou a polícia a encontrar o pedreiro?
Gusso diz que isso é trabalho sigiloso da Polícia Civil: “Posso dizer que ficamos sabendo que ele saiu às pressas de Joinville e fez referência do crime para outra pessoa. Não contou que tinha cometido o crime, apenas falou sobre ele.”
7) Existe exame de DNA do autor confesso?
A Polícia Civil ainda não descartou a hipótese de pedir DNA. Garante que o único exame que recebeu até agora é o laudo da menina. Já o diretor do Instituto Geral de Perícias da Capital, Giovani Eduardo Adriano, garante que encaminhou para Joinville o resultado do DNA do adolescente suspeito na manhã de 9 de março.
8) Numa igreja cheia, onde se costuma ter recepcionistas para atender aos visitantes, ninguém viu o pedreiro entrar?
Gusso prefere manter sigilo. “Se alguém viu o homem circulando no pátio, não iremos revelar a identidade. Mas o corredor e a escada onde aconteceu o crime só levam ao tanque batismal. Não havia trânsito no local.”
9) O suspeito já conhecia a igreja para entrar sem ser notado?
Essa dúvida a polícia pretende esclarecer nos próximos dias. Ele tinha sido visto nas proximidades, porque trabalhava na região desde dezembro.
10) O autor do crime agiu sozinho?
O delegado regional Dirceu Silveira Júnior falou e Gusso confirmou que ele agiu sozinho.
Acompanhe o desenrolar da história.